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O que é diplomacia?

O que é diplomacia?
Salão onde o Conselho de Segurança da ONU, o órgão mais importante da diplomacia atual, se reúne. Foto do U.S. Department of State, com licença CC0 1.0.

A diplomacia é a arte e a prática de conduzir negociações entre as nações. Ela é feita por diplomatas, que são os representantes dos países. No começo, ela se preocupava principalmente em impedir a guerra e celebrar a paz. Até hoje, essas duas questões estão fortemente ligadas aos diplomatas. No entanto, como o mundo se tornou cada vez mais interconectado, o papel da diplomacia evoluiu, para que ela pudesse lidar com assuntos complexos que vão além da guerra e da paz.

Nas relações internacionais modernas, a diplomacia une nações, culturas e aspirações das pessoas. Ela trata de vários problemas, como as crises econômicas e ambientais, que são transfronteiriços por natureza e que demandam cooperação internacional. Ela conecta não apenas os governos, mas também as empresas, as ONGs e até as pessoas de lugares diferentes. Embora ela não possa trazer a paz mundial por conta própria, ela serve para o bem de todos.

Em geral, a diplomacia tem os seguintes propósitos no mundo moderno:

  • Solucionar conflitos
  • Lidar com crises.
  • Melhorar os padrões de vida.
  • Estimular as trocas sociais e culturais.

A diplomacia pode resolver conflitos

O papel da diplomacia na resolução de conflitos é indispensável, porque ela oferece uma alternativa aos confrontos armados que podem ter consequências devastadoras. Ela pode atuar de forma preventiva, identificando possíveis conflitos e resolvendo as causas profundas deles, antes que eles se deteriorem. Ou ela pode atuar mesmo depois que uma disputa gerou um embate armado, por meio da busca pela paz.

A diplomacia preventiva tem uma longa história. Entretanto, ela ganhou força somente com o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os países se deram conta dos altos custos dos conflitos armados. Esse tipo de diplomacia envolve uma série de medidas para construir confiança entre as nações: o compartilhamento de informações, a recusa a entrar em corridas armamentistas, a criação de linhas diretas de comunicação durante crises, etc. Todas essas práticas contribuem para que os países confiem uns nos outros e tenham meios para debater suas divergências.

Mesmo quando uma guerra estoura, a diplomacia pode ser o instrumento pelo qual a luta armada chega ao seu fim. Hoje em dia, como todos têm fácil acesso a armas de altíssima qualidade, é difícil obter uma vitória total no campo de batalha. Como demonstrado pela Guerra da Coreia e pela Guerra Irã-Iraque, os países podem chegar a um impasse nos conflitos e decidir iniciar negociações. Também pode ser que eles aceitem um cessar-fogo imposto por órgãos como o Conselho de Segurança da ONU. De qualquer forma, a paz internacional pode ser restaurada.

Tudo isso é possível porque os diplomatas são negociadores habilidosos, que utilizam técnicas para reduzir as divergências e encontrar um meio-termo. Por meio do diálogo, eles permitem que os outros exprimam suas queixas e suas vontades, o que facilita o entendimento da perspectiva deles.

A diplomacia pode lidar com crises

Desastres naturais, crises econômicas, emergências de saúde pública, perturbações políticas. As crises podem surgir de várias maneiras, e as suas repercussões podem ser profundas. Nesses momentos de incerteza, a diplomacia desponta como uma ferramenta crucial. Ela permite navegar pelas águas turbulentas e conquistar soluções conjuntas para questões transnacionais.

As crises são eventos inesperados, que surgem de fatores complexos e interligados e, portanto, não podem ser resolvidas facilmente. Os diplomatas costumam vir de inúmeros campos do conhecimento, e eles estão acostumados a lidar com situações de alto risco nas suas áreas. Com o vasto conhecimento que têm, eles podem convocar reuniões e pensar em abordagens inovadoras para resolver as causas profundas da crise existente.

Por exemplo, durante a crise financeira de 2008, o G20 — um grupo composto por boa parte das maiores economias do mundo — fez uma reunião de cúpula e elaborou propostas para estabilizar os mercados e fortalecer a recuperação econômica. O mesmo espírito de soluções conjuntas foi visto, em menor grau, durante a pandemia de Covid-19. Em 2020, por exemplo, a Organização Mundial da Saúde conseguiu criar a Aliança Covax, que facilita a aquisição de vacinas pelos países em desenvolvimento.

A diplomacia pode melhorar os padrões de vida

A diplomacia ajuda a estimular a cooperação econômica, facilitando benéficas para todos, as quais contribuem para a prosperidade global e para o desenvolvimento sustentável. Por meio das relações diplomáticas, os países negociam, assinam e ratificam acordos comerciais, acordos de investimento, e tratados de transferência de tecnologia. Esses tratados impulsionam o desenvolvimento econômico e melhoram o bem-estar das nações e de seus cidadãos.

Os acordos comerciais têm múltiplos benefícios: eles reduzem tarifas, cotas e outras barreiras ao fluxo de comércio. Eles garantem que os direitos de propriedade intelectual, como as patentes e os direitos autorais, sejam respeitados. Eles podem também conter capítulos políticos, com normas que regulam as relações entre os países e os blocos econômicos.

Os acordos de investimento bilateral e multilateral importam porque facilitam os investimentos no exterior. Aliás, eles são extremamente vantajosos para os países que importam mais produtos do que exportam. Nesses casos, a moeda estrangeira literalmente sustenta a economia desses países. Além disso, esses tratados protegem as empresas estrangeiras quando elas investem no exterior — o que encoraja cada vez mais investimento e crescimento econômico.

Mais recentemente, os acordos de transferência de tecnologia têm sido exaltados como uma forma de os países em desenvolvimento alcançarem os países desenvolvidos. Todavia, eles não são tão comuns quanto os tratados de comércio e investimento, porque vários Estados continuam indispostos a compartilhar abertamente os seus avanços tecnológicos. Desde o governo Trump, por exemplo, o governo dos Estados Unidos tem sido inflexível ao defender que a China jamais domine a produção de chips eletrônicos de altíssima qualidade — esses países estão engajados na chamada “guerra dos chips”.

A diplomacia pode estimular as trocas sociais e culturais

Os diplomatas também são grandes promotores da história, da língua, da cultura e das tradições dos seus países. Às vezes, eles fazem isso em nome da glória nacional, ou como forma de promover um objetivo político ou econômico. No entanto, com frequência, os países têm um genuíno interesse em disseminar seus costumes pelo mundo.

A história e a cultura têm sido usadas há muitos anos para induzir os estrangeiros a comprarem caríssimos pacotes de viagem, buscarem programas de intercâmbio estudantil, ou até sonharem em viver em outro país. Essas iniciativas são frequentemente apoiadas pelo trabalho dos diplomatas, especialmente nos consulados. O British Council, por exemplo, opera em mais de 100 países para atrair estudantes para estudar na Inglaterra.

Além disso, as embaixadas e consulados pelo mundo também são locais onde as culturas nacionais são propagadas. Por meio de exposições artísticas, seminários, sessões de cinema e inúmeras outras atividades, os diplomatas oferecem plataformas para o intercâmbio de ideias que juntam artistas, acadêmicos e indivíduos de renome. Alguns desses eventos podem ser glamurosos e restritos a poucos convidados, enquanto outros são abertos para o público em geral. Nesse último caso, eles são essenciais para reduzir as diferenças entre os povos e fomentar um sentimento de união de toda a humanidade.

Conclusão

No mundo moderno, a diplomacia transcende o seu propósito original de impedir a guerra e de celebrar a paz. Embora ela continue a ser essencial para resolver conflitos e lidar com crises, ela também tem um papel central na melhoria dos padrões de vida, no estímulo à cooperação econômica e na promoção de laços culturais.

Como o mundo enfrenta desafios sem precedentes, a diplomacia continua a ser uma ferramenta fundamental para lidar com esses tempos complicados e encontrar meios-termos. No fim das contas, a diplomacia é o que une as nações, ajudando-as a manter a paz uma com as outras e incentivando um sentimento de futuro em conjunto. Essa forma otimista de ver a vida é, talvez, uma das suas mais importantes lições para este século.


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