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Resumo: Prisioneiros da Geografia: Estados Unidos

Esta é uma imagem de uma seção de um mapa focando na parte central da América do Norte, especificamente destacando os Estados Unidos. O mapa tem uma aparência vintage, com tons terrosos quentes e algumas marcas indicativas de desgaste. Várias cidades principais são rotuladas, como Seattle, Minneapolis, Denver, Las Vegas, Dallas e Atlanta. As fronteiras dos estados estão delineadas, e a seção do mapa inclui partes do Canadá e do México. Os nomes dos estados e cidades estão impressos em um estilo tipográfico clássico, e há marcadores indicando grandes áreas urbanas. As linhas costeiras e fronteiras nacionais são claramente demarcadas.
O território dos Estados Unidos destacado em um mapa. Imagem de Lara Jameson.

Em 2015, o jornalista britânico Tim Marshall publicou Prisioneiros da Geografia: 10 mapas que explicam tudo o que você precisa saber sobre política global. Esse livro divide o mundo em dez regiões, analisando como características geográficas tais quais rios, montanhas e mares influenciam as decisões políticas, as estratégias militares e o desenvolvimento econômico. Tim Marshall tem sido elogiado por tornar um tópico complexo acessível e envolvente. Todavia, seu livro também enfrenta críticas por certas omissões. Por exemplo, alguns críticos indicam que, ao focar apenas na geografia, Marshall às vezes negligencia outros fatores significativos na tomada de decisões políticas. De qualquer forma, é útil aprender com as ideias em Prisioneiros da Geografia.

Abaixo, há um resumo do terceiro capítulo do livro, que trata dos Estados Unidos. Você pode encontrar todos os resumos disponíveis deste livro, ou pode ler o resumo do capítulo anterior do livro, clicando nestes links.


Os Estados Unidos são frequentemente considerados um local primordial para viver devido à sua geografia diversa, às suas excelentes redes de transporte, e aos seus vizinhos pacíficos. Sua força reside na sua unidade como nação, algo que o diferencia da União Europeia, na qual os Estados membros, muitas vezes, priorizam a identidade nacional em detrimento da unidade europeia. A unidade dos EUA está enraizada na geografia do país e na história da sua unificação.

Geograficamente, os EUA podem ser divididos em três partes. A Planície da Costa Leste leva às Montanhas Apalaches, conhecidas por terem solo fértil e rios navegáveis. As Grandes Planícies se estendem até as Montanhas Rochosas, incluindo a bacia do Mississippi com sua vasta rede de rios. A oeste das Rochosas, encontra-se uma área desértica, a Sierra Nevada, e uma estreita planície costeira antes de chegar ao Oceano Pacífico. Ao norte, o Escudo Canadense consiste em uma barreira natural, e, ao sudoeste, encontra-se um deserto. Essa geografia desempenhou um papel crucial para que os EUA se tornassem uma grande potência, já que se estende de costa a costa.

Os primeiros colonizadores europeus foram atraídos para lá pelos portos naturais e pela terra fértil da costa Leste, esperando por uma vida de liberdade. Essa atração levou ao estabelecimento das treze colônias, que se estendiam de Massachusetts à Geórgia, com uma população que somava cerca de 2,5 milhões de pessoas. As Montanhas Apalaches formavam uma barreira a Oeste, e o governo britânico restringiu ainda mais a expansão para essa direção, visando a manter o controle sobre o comércio e os impostos.

A Declaração de Independência em 1776 marcou um momento significativo, levando à vitória na Guerra de Independência e ao nascimento de uma nova nação. No entanto, no início dos anos 1800, os EUA desconheciam sua verdadeira extensão geográfica. Os exploradores tinham acabado de penetrar os Apalaches e alcançado o Mississippi, pensando que ele poderia levar ao Oceano Pacífico.

A compra da Louisiana em 1803 foi uma jogada estratégica que dobrou o tamanho dos EUA e garantiu o controle sobre a bacia do Mississippi, uma rota crucial para a grandeza do país. Essa aquisição foi um ponto de virada, dando aos EUA profundidade geográfica, terra fértil e uma rota alternativa para o comércio.

A expansão da nação continuou com a aquisição da Flórida da Espanha em 1819, estabelecendo um limite até o Pacífico e garantindo o cerne do território do país. A Doutrina Monroe em 1823 advertiu as potências europeias contra mais colonizações no Hemisfério Ocidental. A Revolução do Texas e a Guerra Mexicana expandiram ainda mais o território dos EUA, estabelecendo suas fronteiras modernas, que são principalmente naturais: desertos, grandes lagos e oceanos.

Até 1848, sem ameaças externas, os EUA focaram no crescimento econômico e na expansão territorial. A Corrida do Ouro na Califórnia e o Homestead Act de 1862 atraíram mais colonos para o Oeste. A aquisição do Alasca em 1867 e a conclusão da ferrovia transcontinental em 1869 solidificaram ainda mais a expansão dos EUA.

Além disso, os EUA desenvolveram uma poderosa marinha para proteger suas costas e rotas comerciais. A Guerra Hispano-Americana em 1898 resultou no controle de Cuba e outros territórios, aumentando a presença estratégica dos EUA. Os EUA também anexaram o Havaí e garantiram direitos sobre o Canal do Panamá, reforçando ainda mais suas capacidades comerciais.

Apesar do conselho de George Washington de evitar alianças permanentes, os EUA entraram na Primeira Guerra Mundial e na Segunda Guerra Mundial. Após esse segundo conflito, os EUA emergiram como uma potência global, controlando importantes rotas marítimas e apreendendo bases navais britânicas no Hemisfério Ocidental. Essa expansão de influência foi necessária para manter a paz e dar apoio à a economia global, posicionando os EUA como uma superpotência com uma presença significativa em todo o mundo.

A estratégia dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial envolveu garantir a estabilidade na Europa para contrastar a expansão soviética, levando ao Plano Marshall e ao estabelecimento de uma presença militar permanente na Alemanha. Em 1949, os EUA lideraram a formação da OTAN, assumindo a liderança do poderio militar ocidental. A influência dos EUA na OTAN foi evidente durante a Crise de Suez em 1956, quando pressionou o Reino Unido e a França a se retirarem do Egito, sinalizando seu papel dominante nas decisões estratégicas.

Os EUA também estenderam seu alcance militar globalmente, formando alianças no Pacífico e no Mediterrâneo. Apesar de reveses como a Guerra do Vietnã, os EUA mantiveram sua estratégia global, focando em desafios potenciais vindos da Europa, Rússia e China. O sonho da União Europeia de uma política externa e de segurança unificada tem sido dificultado por desafios econômicos e pela dependência dos EUA em temas de defesa. A Rússia, apesar de sua recente assertividade, é limitada por restrições geográficas e carece da capacidade de desafiar significativamente o domínio dos EUA.

A China, no entanto, apresenta um cenário diferente. Embora avance economicamente, a China ainda está atrás dos EUA em capacidades militares. Os EUA visam a manter essa lacuna, usando estratégias econômicas e militares. Isso inclui tentativas de negociar posições estratégicas com outros governos, como visto na resposta a questões de Direitos Humanos na Síria e no Bahrein.

Os EUA focam em fortalecer alianças na Ásia e no Pacífico, reconhecendo a crescente importância econômica e estratégica da região. Isso envolve conjugar ações militares a esforços diplomáticos, para tranquilizar aliados e conter potenciais conflitos. Exemplos disso incluem gerenciar as relações com a Coreia do Norte e apoiar aliados regionais como o Japão, a Coreia do Sul e os países do Sudeste Asiático, que estão receosos com a ascensão da China.

A estratégia dos EUA em relação à China envolve um delicado equilíbrio de poder e diplomacia. Ambas as nações entendem a necessidade de soluções de meio-termo e não buscam um conflito direto. No entanto, pontos críticos como Taiwan representam riscos significativos. Os EUA têm o compromisso de defender Taiwan contra a agressão chinesa, mas um movimento ostensivo por parte dos EUA ou de Taiwan poderia desencadear um grande conflito.

À medida que os EUA se tornam menos dependentes de petróleo estrangeiro, sua política externa, particularmente no Oriente Médio, provavelmente mudará, impactando a geopolítica global. Essa mudança na dependência energética, juntamente com as relações em evolução na região da Ásia-Pacífico, influenciará a política externa dos EUA e as relações internacionais nos próximos anos.

Os Estados Unidos estão no caminho para se tornar não apenas autossuficientes em energia, mas também exportadores líquidos de energia até 2020, graças à perfuração offshore e ao fraturamento hidráulico. Essa mudança na dinâmica energética reduzirá a dependência estadunidense de petróleo e gás da região do Golfo, alterando seus interesses estratégicos lá. Embora os EUA mantenham uma presença lá, como a 5ª Frota no Bahrein, a urgência por trás da proteção dos recursos energéticos do Golfo pode diminuir, acarretando questionamentos sobre o propósito de tais mobilizaçõoes militares.

No Oriente Médio, os EUA visam a impedir que o Irã ganhe muito poder, ao mesmo tempo que exploram a possibilidade de assinar um acordo abrangente para resolver conflitos de longa data com os iranianos. No entanto, diante da complexidade da política regional, os EUA estão migrando de promover a democracia para uma abordagem mais pragmática de gerenciar a região à distância.

O relacionamento dos EUA com Israel pode mudar gradualmente, à medida que a composição demográfica estadunidense se altera. As crescentes populações hispânica e asiática podem se concentrar mais em suas regiões de origem do que no Oriente Médio, que está perdendo importância estratégica para os EUA.

Na América Latina, os interesses dos EUA estão centrados em garantir acesso ao Canal do Panamá e em monitorar a possível construção de um novo canal, na Nicarágua. Os EUA também estão atentos à crescente influência do Brasil, especialmente no Caribe.

Há competição pelos recursos naturais africanos, e a China é um ator relevante nessa disputa. Ademais, os EUA observam os conflitos islamistas no Norte da África, mas preferem evitar um envolvimento profundo com eles.

Os EUA parecem estar se afastando de seus esforços de construção de nações no exterior. As experiências no Iraque e no Afeganistão demonstraram os desafios de superar divisões históricas e tribais profundamente enraizadas com ideais democráticos. Essa mudança sugere a percepção de que a unidade nacional nem sempre é alcançável em regiões com conflitos internos de longa data.

Apesar das previsões de seu declínio, os Estados Unidos continuam sendo uma potência global dominante. Sua iminente autossuficiência energética, sua preeminência econômica, seu enorme poder militar, sua população mais jovem em comparação com a Europa e o Japão, e sua atração de imigrantes contribuem para sua duradoura influência global. Isso reforça a ideia de que os EUA são abençoados por Deus, como sugerido por Otto von Bismarck há mais de um século.


Você pode ler o resumo do próximo capítulo do livro clicando neste link.


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